sexta-feira, 5 de maio de 2017

                                                                            TSUGIKI




                                                           O MÉTODO DA ENXERTIA

A enxertia é o método mais usado quando se quer preservar espécies puras – ou raras – para fins de bonsai. Dois componentes principais entram no processo. O enxerto propriamente dito, que é conhecido por “cavaleiro”, e a planta que será enxertada, conhecida por “cavalo”. Na maioria dos casos, o “cavaleiro” é feito de espécies puras ou raras, e a planta “cavalo” é uma versão silvestre ou mais rústica da mesma espécie de planta. Repetindo: é princípio básico que a planta “cavalo” seja da mesma espécie do “cavaleiro”.
                                                          MÉTODOS DE ENXERTO




Existem dois métodos principais: o enxerto de copa e o enxerto lateral.
No enxerto lateral, o “cavaleiro” é enxertado na planta “cavalo” perto das raízes. Assim, depois que o enxerto pega, a parte aérea da planta “cavalo” é cortada, dando margem a que o “cavaleiro” se desenvolva usando o sistema radicular da outra planta.
No enxerto de copa, a planta “cavalo” é fendida numa certa altura e aí é inserido o “cavaleiro”. O enxerto usará, portanto, no futuro, não apenas as raízes, mas também outras partes da planta “cavalo”.
O enxerto lateral é geralmente usado para plantas sempre-verdes. E o enxerto de copa para as deciduifólias, ou plantas de folhas caducas. Contudo, algumas árvores de folhas caducas também podem, com sucesso, ser enxertadas através do método lateral.
Outros dois métodos, o yobi-tsugi e o metsugi são usados quando queremos acrescentar um galho ou ramo extra ao tronco de uma árvore bonsai.

                                             A DESVANTAGEM DOS ENXERTOS 



Uma das maiores desvantagens do enxerto, no passado, era a cicatriz feia formada pela junção do “cavaleiro” com o “cavalo”. Entretanto, com o desenvolvimento de novas técnicas, esse inconveniente – que fazia enxerto parecer inadequado para bonsai – foi amplamente superado.
ÉPOCA PARA O ENXERTO
O enxerto, tanto para as árvores sempre-verdes como para as de folhas caducas, é melhor sucedido quando feito na primavera, imediatamente após os brotos novos aparecerem. Mas, as plantas sempre-verdes também podem ser enxertadas no inicio do outono, entre meados de março e abril.

                                                           O ENXERTO LATERAL



Vamos tomar como exemplo o enxerto de um pinheiro-branco-japonês (Pinus strobus), num pinheiro-preto-japonês (Callistris Calcarata), de três anos de idade, cultivado a partir de sementes e que funcionará como “cavalo”. E isso porque, em geral, uma árvore de aproximadamente 18 centímetros de altura é mais fácil de ser manipulada, funcionando melhor como “cavalo”.
1 – No início da primavera, antes dos brotos tornarem-se ativos, faça sei “cavaleiro”. Para isso, corte um galho de um pinheiro-branco, de modo que ele fique com uns 5 centímetros de comprimento.
2 – Com um estilete afiado, faça delicadamente a ponta do “cavaleiro” em duplo bisel.
3 – Agora, também com um estilete, faça um corte angular na base do tronco do “cavalo”. Tome cuidado para o corte não se aprofundar demais. Ele não deveria exceder cerca de um 1/3 do diâmetro do tronco.
4 – Insira a ponta do “cavaleiro confortavelmente no corte. A resina do “cavaleiro” e do “cavalo”, depois de um certo tempo, acabará juntando os dois. Por isso, toda a operação de ser feita o mais rapidamente possível, para evitar ao máximo a perda de seiva.
5 – Depois de inserir o “cavaleiro”, reforce a junção, amarrando as duas partes com uma fina fita plástica.
6 – Plante o “cavalo”, agora com o “cavaleiro” ligado a ele, num vaso pequeno, da mesma maneira descrita para o replantio de uma muda de um ano de idade. Isto é: primeiro encha 1/3 do vaso com terra encaroçada, depois fixe a árvore no centro do vaso e preencha ao redor com terra. Regue, ao final, até que a água escorra pelo orifício de drenagem.

                                               CUIDADOS A SEREM TOMADOS


Depois da árvore “cavalo” ser plantada, mantenha-a dentro de casa, longe do sol e do vento, ate que os brotos tornem-se ativos. Em geral, leva dois meses até que os brotos do “cavaleiro” comecem a mostrar vitalidade. A fita plástica, de junção, deve permanecer pelo menos um ano, até que o “cavaleiro” torne-se realmente, parte do “cavalo”.
Após um ano, se o enxerto tiver pegado, a fita deverá ser removida e o “cavalo” poderá ser cortado acima do ponto de enxertia. A planta será, então cultivada normalmente e começará a tomar a forma de bonsai cerca de dois anos depois.

                                                                 ENXERTO DE COPA

Como exemplo de enxerto de copa, vamos fazer nosso “cavaleiro” de um azevinho variegata (Ilex x altacharensis) e nosso “cavalo” de um tipo de azevinho comum (Ilex aqui folium).
1 – Quando os brotos começarem a aparecer, mas ainda continuarem inativos, corte um “cavaleiro” com 5 centímetros de comprimento do azevinho variegata.
2 – Apare a extremidade inferior do “cavaleiro” em forma angular (duplo bisel).
3 – Escolha uma muda de azevinho comum, que tenha o caule da espessura de um lápis. Tire-o da terra, procurando deixar as raízes intactas. Pode a parte superior da mudinha cerca de 5 centímetros acima das raízes.
4 – Com um estilete afiado, faça uma fenda, de menos de um centímetro, na parte de cima do “cavalo”.
5 – Insira a ponta do “cavaleiro” na fenda que você fez no “cavalo”. Como a resina que escorre das duas plantas é que vai unir os dois, faça toda a operação o mais rapidamente possível.
6 – Fixe a junção, amarrando-a bem com uma fita de ráfia.
7 – Agora, é só plantar o “cavalo” num vaso, da mesma maneira descrita no método de enxerto lateral.

                                                 CUIDADOS A SEREM TOMADOS

Os cuidados a serem tomados após o plantio são os mesmos adotados nos enxertos laterais. Depois de um ano, retire a fita de ráfia e verifique se a cicatrização ocorreu satisfatoriamente. O “cavaleiro” e o “cavalo”, então, devem ser quase uma planta só. Se o corte não estiver completamente fechado, amarre nova fita de ráfia e deixe por mais um ano. Após dois anos, o crescimento do “cavaleiro” começa a tornar-se perceptível e, depois de três, a planta começa a tomar a forma de bonsai. Quatro anos após o enxerto a junção será muito menos visível, e a forma de bonsai mais acentuada.

                                                          ENXERTO YOBI-TSUGI

No método de enxerto por encosto – yobi-tsugi –, no ponto de enxertia, a casca da árvore- mãe, que funciona como “cavalo”, deve ser retirada. É nesse local que se faz o “encosto” da base d um outro ramo-cavaleiro, unindo-se os dois firmemente com fita plástica. São três as formas de aplicação desse método:
1 – Enxerto de um galho comprido no tronco da mesma árvore.
2 – A junção de, digamos, três arvores que cresceram em vasos separados.
3 – O enxerto de um galho de uma árvore natural numa outra cultivada em vaso.

                                                               ENXERTO ME-TSUGI 

O me-tsugi, ou enxerto de broto, é executado mediante uma incisão, em forma de T, feita no tronco ou galho de uma árvore. Depois, implanta-se aí um broto preparado, prendendo-o no lugar com fita plástica. Sendo bem tratado, esse novo broto, mais tarde, se transformará num galho.
O passo a passo, é o seguinte:
1 – Com a ponta de um estilete bem afiado, faça um corte, em forma de T, no tronco ou galho de uma árvore.
2 – Prepare o broto, tomando o cuidado de, ao removê-lo, trazer junto o córtex interno da planta-mãe.
3 – Faça várias incisões verticais na base do broto, de modo que possa transformá-la numa espécie de leque.
4 – Com a ponta de um estilete, levante o córtex do “cavalo”, no local em que você fez a incisão em forma de T.
5 – Implante o broto preparado nessa abertura, procurando espalhar “o leque” em que foi transformada sua base.
6 – Feche o córtex do “cavalo” e amarre “cavalo” e “cavaleiro” com fita plástica. Daí a mais ou menos um ano, o implante deverá estar consolidado, e você poderá então retirar as amarras.